2016
O profeta Isaias, anunciando a vinda do Messias divino, exclama: «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is. 9,1). Estas são as mesmas palavras que ressoam nos nossos lábios perante o anuncio do nacimento de Jesus Cristo.
Na verdade o mundo actual continua a necessitar de ser iluminado por uma luz que não poderá ser outra que a pessoa do Filho de Deus.
Esta proclamação é tanto mais urgente quanto a humanidade de hoje na ignorância sobre Deus, na sua recusa em aceitar a Transcendência ou na sua indiferença, sente-se incapaz de abrir um futuro de esperança e de plena realização para a pessoa humana.
Por isso é urgente que cada comunidade cristã e cada cristão se tornem arautos desta mesma noticia que se refere à luz verdadeira que resplandece para o mundo porque Jesus Cristo nasce na nossa humanidade.
Igualmente, o profeta Isaias reconhece que o jugo que pesava sobre o povo foi quebrado porque «um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado» (Is. 9, 5).
Realmente renasce uma nova esperança para os pobres, para os excluídos, para os marginalizados, para os injustiçados, para as vitimas inocentes da guerra e da violência porque Jesus de Nazaré vem ao encontro da pessoa humana para lhe restituir a sua dignidade de filha de Deus.
Por isso, celebrar o Natal é oferecer resposta às exigências da inteligência humana que na sua procura de verdade sente-se agora confrontada com a Pessoa concreta do Filho de Deus que oferece ao homem a luz necessária para se compreender no seu mistério e para descobrir as maravilhas da criação. Mas é também um convite a estabelecer relações novas a nível social, cultural, politico e religioso de modo a reconhecer em cada homem um irmão com igual dignidade e com o direito a usufruir das condições para uma vida digna.
A luz e a esperança que brotam do Natal são algo de concreto e devem ter reflexo na situação de todos os que vivem e sentem a necessidade de melhores condições para uma vida digna. Mas, para isso exige-se o compromisso de todos, a começar por aqueles que reconhecem o chamamento de Jesus de Nazaré a empenharem-se na missão de proclamar com a palavra e com os gestos que com o nascimento de Jesus a humanidade viu uma grande luz e os pobres saboreiam uma Boa Nova.
Ao desejar Boas Festas de Natal a todos os diocesanos de Angra e Ilhas dos Açores tenho perante mim os numerosos desempregados, os doentes e idosos, tantas vezes na solidão, as famílias, tantas delas feridas, os pobres, os excluídos seja cultural, social ou religiosamente, as crianças sem pão e sem afecto, os que estão na diáspora, os jovens, tantos sem perspectivas de futuro, mas também os que vivem afastados de Deus, e apelo a cada comunidade cristã e a cada cristão que se tornem mensageiros da alegria e da esperança que brota do Natal.
Mas sinto o dever de convidar todos os que procuram a verdade através da razão e da recta consciência a que se deixem interpelar pelo Menino que nos é oferecido no Natal porque Ele é o Filho de Deus e manifesta-se ao homem para o iluminar no seu mistério.
Votos de santo e feliz Natal!
+João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores