Angra.

CHAMADOS A PROCLAMAR OS ALTOS FEITOS DO SENHOR

É o tema, proposto pela Letónia, para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2016. O ponto de partida é o texto da 1ª Carta de S. Pedro:

 

«Vós, porém, sois a raça eleita, a comunidade sacerdotal do rei, a nação santa, o povo que Deus conquistou para si, para que proclameis os altos feitos daquele que das trevas vos chamou para a sua maravilhosa luz; vós que outrora não éreis seu povo, mas agora sois o povo de Deus; vós que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia».

 

S. Pedro declara que os primeiros cristãos que, enquanto estavam em busca de sentido, antes de encontrar o Evangelho, eles não eram um povo. Mas, acolhendo o apelo a ser para Deus uma raça escolhida e a receber o seu poder de salvação em Jesus Cristo, tomaram-se o Povo de Deus.

 

Esta realidade exprime-se no Baptismo, que é comum a todos os cristãos e através do qual renascemos pela água e pelo Espírito Santo (cf Jo 3, 5). No Baptismo, nós morremos para o pecado, para ressuscitar com Cristo numa vida nova da graça de Deus.

 

É um desafio permanente a manter a consciência, dia após dia, desta identidade nova em Cristo. Efectivamente, o Baptismo inicia a aventura de um novo itinerário de fé, pelo qual todo o cristão se insere no Povo de Deus, através dos tempos. A Palavra de Deus – quer dizer, as Escrituras, a partir das quais os cristãos de todas as tradições rezam, estudam e reflectem – estabelece entre eles uma comunhão real, apesar de ainda incompleta.

 

Nos textos sagrados da Bíblia que partilhamos, aprendemos como Deus agiu para salvar os humanos, no decorrer da História da Salvação: livrando o seu povo da escravidão do Egipto e no evento que constitui o maior dos seus altos feitos: a Ressurreição de Jesus de entre os mortos, fazendo-nos entrar numa vida nova. A partir disso, a leitura orante da Bíblia convida os cristãos a reconhecer os altos feitos de Deus na sua própria vida.

 

Deus não nos escolheu por privilégio. Ele tornou-nos santos, sem por isso dizer que os cristãos são melhores do que os outros. Ele escolheu-nos com uma finalidade bem definida. Só seremos santos, se nos comprometermos ao serviço de Deus. E servi-Lo é sempre transmitir o seu amor a toda a humanidade.

 

Ser um povo sacerdotal é estar ao serviço do mundo. Os cristãos vivem este chamamento baptismal e testemunham os altos feitos de Deus, através de uma grande diversidade de meios… A graça de Deus ajuda-nos a implorar o perdão, pelos obstáculos que colocamos à reconciliação e à cura, a acolher a misericórdia e a crescer na santidade…

 

A consciência da nossa identidade comum em Cristo convida-nos a trabalhar para levar uma resposta às questões que nos dividem ainda. Somos chamados, como os discípulos no caminho de Emaús, a partilhar as nossas experiências e assim descobrir que, na nossa comum peregrinação, Jesus Cristo está no meio de nós (Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2016).

 

+ António Bispo de Angra Angra, 23 de Janeiro de 2016

Comunidades Neo-Catecumenais de Angra do Heroísmo.