«SEDE MISERICORDIOSOS COMO O PAI»!
São palavras de Jesus, que o Papa Francisco propõe como lema para o Ano Santo da Misericórdia. O que significa «ser misericordiosos como o Pai»? Para «ser misericordiosos como o Pai», é preciso olhar para Cristo. Ele próprio diz a Filipe:
«Filipe, quem Me vê, vê o Pai». Uma das melhores ilustrações da misericórdia divina é, precisamente, a narração evangélica do encontro de Jesus com a mulher adúltera, que escutámos no texto evangélico (cf Jo 8, 1-11) e que o Papa Francisco comenta assim:
º Jesus ultrapassa a Lei … Não diz que o adultério não é pecado. Mas não condena a adúltera, aplicando a Lei.
º Aqui está o mistério da misericórdia: é evidente a atitude de Jesus, cheia de misericórdia, que defende a adúltera dos seus inimigos.
º A misericórdia – explica o Papa -vai além da culpa … É como o céu. . . Olhamos o céu e vemos tantas estrelas … Mas, quando vem o Sol, desaparecem as estrelas.
º É assim a misericórdia divina: uma grande luz de amor e de ternura. Não é por decreto que Deus perdoa, mas por amor, que tem a sua máxima expressão, precisamente, na misericórdia, que implica ir ao encontro das pessoas, pôr-se no seu lugar, aproximar-se, fazer-se próximo.
- Por isso, recomenda o Papa Francisco, como caminhada Quaresmal, neste Ano Santo da Misericórdia:
- «Voltemos para o Senhor!
Ele nunca se cansa de nos perdoar.
Nós é que nos cansamos de pedir perdão.
- Misericórdia é a palavra que muda tudo: muda o mundo. Um pouco de misericórdia torna o mundo mais justo …
- Misericórdia é o caminho que une Deus ao ser humano, porque abre o coração à
esperança de ser amados para sempre, não obstante os limites do nosso pecado.
- Hoje é tempo de misericórdia: as situações de miséria e de conflito são para Deus ocasiões de misericórdia …».
Ora bem, uma Pastoral da Misericórdia tem de estar atenta e conhecer o que acontece à nossa volta. Tem de se deixar “interpelar” e “incomodar” pela realidade, que nos circunda e pelos problemas concretos das pessoas.
É nesta perspectiva do amor misericordioso de Deus que devemos procurar viver também a celebração do Sacramento da Unção dos Enfermos, que terá lugar daqui a momentos. Neste Dia Diocesano do Doente, queremos ter presente todos os doentes, também os que estão em casa e que, de perto ou de longe, nos acompanham pelos meios audiovisuais. Que o Senhor a todos abençoe e ajude a levar a cruz da vida! Nunca esqueçamos as palavras de Jesus: Quem quiser ser Meu discípulo, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.
- Nesta hora de despedida, quero invocar uma grande bênção para todos e agradecer toda a colaboração, nestes anos de serviço episcopal, aqui nos Açores. Foram quase 20 anos, que passaram bem depressa, sinal de que me senti bem. Por isso, parto com a sensação do dever cumprido. Evidentemente, nem tudo correu bem e nem sempre intervi de modo certo e na hora certa. Tive momentos dificeis, nomeadamente no acompanhamento das populações, aquando dos desastres naturais, tais como: cheias na Povoação, desabamento na Ribeira Quente, desastre da SATA em S. Jorge, sismo de ..
Depois de todos estes anos, ainda estamos a reconstruir igrejas no Faial. Daqui a dias será a inauguração da nova igreja dos Flamengos (Faial), à qual se seguirão outras, se Deus quiser. É a herança que deixo ao Sr. D. João. Mas estou convencido que D. João, com a experiência adquirida e com o seu grande sentido de Igreja e de disponibilidade vai dar conta do recado. Aliás, é a pessoa indicada para orientar a Diocese, neste momento de viragem, que estamos a viver, sob a orientação do Papa Francisco.
Quando o Papa Francisco recomenda a «”saída” missionária» da Igreja está a dizer-nos que temos de deixar o quentinho das nossas comunidades e grupos, para irmos ao encontro das pessoas, na situação concreta em que vivem. É o ideal que D. João segue e propõe, quando fala de “fé inculturada”, sem a qual a fé não é autêntica e vivida.
Quero agradecer a disponibilidade e generosidade de D. João, ao aceitar vir para os Açores, para orientar e acompanhar a nossa Diocese, nesta viragem missionária.
Um grande agradecimento a todos os colaboradores, nomeadamente ao Vigário Geral, Pe. Hélder Fonseca, que foi o Cireneu que me ajudou a levar a cruz. Neste último ano de doença, foi praticamente ele que foi acompanhando e orientando a pastoral na Diocese. Muito obrigado!
Uma grande bênção para todos, por intercessão de Nossa Senhora, «Mãe de Misericórdia»!
+ António, Bispo de Angra Sé Catedral, 13 de Março de 2016.