S. Mateus (Pico)
«Estou convencido de que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que há-de revelar-se em nós» (Rom. 8, 18). Esta convicção de S. Paulo é a mesma que nos invade a alma neste momento de dor e de saudade pela partida deste mundo do Senhor Dom Arquimínio.
Perante o seu trajecto de vida, exemplar como pastor, eloquente como homem e revelador da serenidade de quem confia em Deus apesar do sofrimento e das tribulações por que passou ao longo da vida, nomeadamente nos últimos anos.
Assentes nesta fé firme e lúcida que foi a mesma que norteou sempre a vida do Senhor Dom Arquimínio, também podemos afirmar com S. Paulo: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados, de acordo com o seu desígnio» (Rom. 8, 28).
Na verdade, Deus manifestou o seu amor e a sua eleição ao trazer este nosso irmão à vida, revelou-lhe todo o Seu amor através da sua família e através das comunidades cristãos que estiveram na sua caminhada formativa humana e cristã e, sobretudo tocou-o muito profundamente quando o chama à entrega total de si mesmo no sacerdócio.
Sim, na vida deste Bom Pastor reconhecemos verdadeiramente o que S. Paulo acrescenta na sua tão sugestiva meditação ao dizer que «àqueles que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que Ele é o primogénito de muitos irmãos; e àqueles que predestinou, também os chamou; e àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou» (Rom. 8, 29-30).
Que belo itinerário delineado pela sabedoria que penetra no coração de S. Paulo e que bem nos ajuda a entender o mistério de Deus na Sua relação com cada pessoa, cujo testemunho é demais evidente na profunda fé, na simplicidade e humildade pessoais, na forte convicção evangelizadora, no amor a Cristo e à Sua Igreja, patentes na vida do Senhor Dom Arquimínio.
Como sacerdote e como Bispo configurou a sua vida à pessoa de Jesus de Nazaré e n’Ele encontrou um novo projecto para a vida que só na comunhão com Cristo se poderá saborear.
É muito eloquente que Jesus Cristo, na linguagem de S. Mateus, logo a seguir ao chamamento dirigido aos Apóstolos os tenha convidado a subir ao monte e aí lhes tenha proclamado as Bem-aventuranças. Eis o sentido novo da existência humana que para se tornar credível para a humanidade de cada tempo tem de ser testemunhada por aqueles a quem Jesus chama serem discipulos.
Todos reconhecemos e nunca é demais dizê-lo que o Bom Pastor que hoje nos deixa, o Senhor Dom Arquimínio, viveu e testemunhou a realidade nova que impregna as bem-aventuranças. De modo singular relacionam cada um dos chamados com Cristo mas igualmente dispõem o coração do discípulo para viver numa inteira sintonia com a dor e o sofrimento de cada um dos seus irmãos.
Obrigado Senhor Dom Arquimínio pelo exemplo da sua vida, pelo testemunho eloquente das bem-aventuranças, pelo carregar da dor alheia à imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas Suas ovelhas.
Inspirados pelas palavras do autor sagrado tal como são apresentadas na primeira leitura do livro da sabedoria, também nós, com sentimentos de dor e de saudade pela partida do nosso irmãos o Senhor Dom Arquimínio, podemos afirmar «as almas dos justos estão nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá» (Sab. 3, 1).
Voltados para o seu local de sofrimento no qual viveu os seus últimos tempos, somos iluminados pelas palavras que nos orientam ao dizerem que «depois de terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, pois Deus os provou e achou dignos de si. Ele os provou como ouro no crisol e aceitou-os como um holocausto» (Sab.3, 5-6).
O Senhor Dom Arquimínio nascido nesta terra há noventa e dois anos. Mesmo ausente durante muitas décadas, foi sempre um grande amante destas terras do Pico e sobretudo da sua terra natal.
De forma única, só possível aos grandes homens, soube sintonizar com todas as pessoas, com simplicidade e amizade. Por isso a grande simpatia que granjeou por todos os cantos do mundo onde doou a sua vida e de modo particular aqui entre as suas gentes.
Muito obrigado Senhor Dom Arquimínio. Junto de Deus interceda por nós.
Que Nossa Senhora, Mãe do Bom Jesus Milagroso, que tanto venerou, o acolha no seu regaço e lhe alcance do Seu Filho a Redenção eterna.
Amen.
Perante o seu trajecto de vida, exemplar como pastor, eloquente como homem e revelador da serenidade de quem confia em Deus apesar do sofrimento e das tribulações por que passou ao longo da vida, nomeadamente nos últimos anos.
Assentes nesta fé firme e lúcida que foi a mesma que norteou sempre a vida do Senhor Dom Arquimínio, também podemos afirmar com S. Paulo: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados, de acordo com o seu desígnio» (Rom. 8, 28).
Na verdade, Deus manifestou o seu amor e a sua eleição ao trazer este nosso irmão à vida, revelou-lhe todo o Seu amor através da sua família e através das comunidades cristãos que estiveram na sua caminhada formativa humana e cristã e, sobretudo tocou-o muito profundamente quando o chama à entrega total de si mesmo no sacerdócio.
Sim, na vida deste Bom Pastor reconhecemos verdadeiramente o que S. Paulo acrescenta na sua tão sugestiva meditação ao dizer que «àqueles que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que Ele é o primogénito de muitos irmãos; e àqueles que predestinou, também os chamou; e àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou» (Rom. 8, 29-30).
Que belo itinerário delineado pela sabedoria que penetra no coração de S. Paulo e que bem nos ajuda a entender o mistério de Deus na Sua relação com cada pessoa, cujo testemunho é demais evidente na profunda fé, na simplicidade e humildade pessoais, na forte convicção evangelizadora, no amor a Cristo e à Sua Igreja, patentes na vida do Senhor Dom Arquimínio.
Como sacerdote e como Bispo configurou a sua vida à pessoa de Jesus de Nazaré e n’Ele encontrou um novo projecto para a vida que só na comunhão com Cristo se poderá saborear.
É muito eloquente que Jesus Cristo, na linguagem de S. Mateus, logo a seguir ao chamamento dirigido aos Apóstolos os tenha convidado a subir ao monte e aí lhes tenha proclamado as Bem-aventuranças. Eis o sentido novo da existência humana que para se tornar credível para a humanidade de cada tempo tem de ser testemunhada por aqueles a quem Jesus chama serem discipulos.
Todos reconhecemos e nunca é demais dizê-lo que o Bom Pastor que hoje nos deixa, o Senhor Dom Arquimínio, viveu e testemunhou a realidade nova que impregna as bem-aventuranças. De modo singular relacionam cada um dos chamados com Cristo mas igualmente dispõem o coração do discípulo para viver numa inteira sintonia com a dor e o sofrimento de cada um dos seus irmãos.
Obrigado Senhor Dom Arquimínio pelo exemplo da sua vida, pelo testemunho eloquente das bem-aventuranças, pelo carregar da dor alheia à imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas Suas ovelhas.
Inspirados pelas palavras do autor sagrado tal como são apresentadas na primeira leitura do livro da sabedoria, também nós, com sentimentos de dor e de saudade pela partida do nosso irmãos o Senhor Dom Arquimínio, podemos afirmar «as almas dos justos estão nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá» (Sab. 3, 1).
Voltados para o seu local de sofrimento no qual viveu os seus últimos tempos, somos iluminados pelas palavras que nos orientam ao dizerem que «depois de terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, pois Deus os provou e achou dignos de si. Ele os provou como ouro no crisol e aceitou-os como um holocausto» (Sab.3, 5-6).
O Senhor Dom Arquimínio nascido nesta terra há noventa e dois anos. Mesmo ausente durante muitas décadas, foi sempre um grande amante destas terras do Pico e sobretudo da sua terra natal.
De forma única, só possível aos grandes homens, soube sintonizar com todas as pessoas, com simplicidade e amizade. Por isso a grande simpatia que granjeou por todos os cantos do mundo onde doou a sua vida e de modo particular aqui entre as suas gentes.
Muito obrigado Senhor Dom Arquimínio. Junto de Deus interceda por nós.
Que Nossa Senhora, Mãe do Bom Jesus Milagroso, que tanto venerou, o acolha no seu regaço e lhe alcance do Seu Filho a Redenção eterna.
Amen.
13 Set. 2016
+João Lavrador
Bispo de Angra e Ilhas dos Açores
Bispo de Angra e Ilhas dos Açores