Comemoração do 25º aniversário do Diácono Martins do Carmo
Irmãs e irmãos.
Maria, Mãe de ternura e de misericórdia, é figura e modelo da Igreja. Ela é a “Porta da Misericórdia” que nos conduz a experimentar a misericórdia divina sempre maior que o nosso pecado. Recebeu tudo de graça. Deus deu-lhe muito. Ela acolheu tudo. Por isso é a cheia de graça. É a Imaculada desde a sua Conceição. É este o mistério que celebramos, hoje. Nossa Senhora é o prodígio da graça divina. Nos mistérios gloriosos, quarto e quinto mistérios, nós contemplamos a sua ascensão aos céus e a sua coroação como Rainha do Céu e a glória de todos os santos.
Hoje nós comemoramos este mistério da sua Imaculada Conceição, ela é, como bem explica o papa na bula de proclamação deste ano santo, que se inicia oficialmente, hoje, no Vaticano, ela é, realmente, a Porta da Misericórdia. Como explica o concílio, ela como a mulher do apocalipse não nos deixa sós, mas assiste-nos na constante luta contra as forças do mal. De facto, depois de elevada aos céus não abandonou esta missão salutar. O seu amor de mãe cuida dos irmãos de seu filho que ainda peregrinam e se debatem em perigos e angústias até que sejam conduzidos até à pátria feliz. Por isso, a Santíssima Virgem Maria é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, amparo e medianeira. É realmente, o modelo da fé e da correspondência à graça na sua total disponibilidade. Ela manifesta-a, como vimos no texto do evangelho, no momento da anunciação, “eis a escrava, faça-se!”. Lucas diz: “feliz de ti que acreditaste”. E no magnificat, ela reconhece “o todo o poderoso fez em mim maravilhas”. Nas Bodas de Caná, ela recomenda-nos “fazei tudo o que Cristo vos disser”. E ela nada mais tem a dar senão o seu Filho. Junto à cruz, estamos lembrados, que Jesus dirigindo-se a João diz “eis a tua mãe” e acrescenta o evangelista, a partir daquela hora, o discípulo predileto, São João, recebeu-a em sua casa. E nós para sermos discípulos missionários, como nos recomenda o Papa temos de fazer de Nossa Senhora “de casa”. Não podemos ser discípulos missionários se Nossa Senhora não é de casa.
Na segunda leitura São Paulo ajuda-nos a viver e a celebrar esta solenidade da Imaculada Conceição numa verdadeira perspetiva de fé. Na carta aos efésios que acabámos de escutar, o apóstolo dá-nos a chave de interpretação do privilégio da Imaculada Conceição encontrar-se precisamente com Eva, a mulher pecadora, de que nos fala a primeira leitura, figura da humanidade que não é fiel à amizade com Deus. Contrastando com a mulher pecadora e infiel, Nossa Senhora, desde a sua Imaculada Conceição é o modelo do discípulo missionário que faz frutificar a graça divina com a plena consciência da eleição divina, como se exprime magistralmente São Paulo na segunda leitura que acabámos de escutar, “Deus nos abençoa com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo; n’Ele nos escolheu e nos predestinou para sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo; n’Ele somos herdeiros pela sua graça,” como aconteceu com Nossa Senhora, como muito bem evidencia o texto evangélico da anunciação que escutámos há pouco, “o Senhor está contigo, encontraste graça diante de Deus, conceberás e darás à luz um filho, chamar-se-á filho do Altíssimo, o Senhor Deus lhe dará o trono de David. Como será isto senão conheço homem? – Objeta.” A resposta, “o Espírito Santo virá sobre ti; também a tua parente Isabel terá um filho…” E a resposta de Nossa Senhora na total disponibilidade “eis a escrava, faça-se!” É a melhor imagem para caracterizar precisamente o diaconado na igreja. Diácono significa precisamente servidor.
Ao comemorarmos as bodas de prata do Diácono Martins do Carmo nós queremos dar-lhe por um lado os parabéns e agradecer estes anos de serviço à igreja, apoiando os sacerdotes e o bispo, dizendo-lhe o nosso muito obrigado e pedimos ao senhor por intercessão da virgem imaculada conceição que Deus recompense e abençoe a sua família.
+ António, Bispo de Angra.