Catedral. Angra.
Durante um ano, rezamos diariamente aqui e em todas as igrejas esta prece: «Pela nossa Diocese de Angra, para que o Senhor nos conceda o pastor que for do Seu agrado e em breve possamos alegrar-nos com a eleição de um novo Bispo que ilumine e edifique este povo açoriano com a verdade do Evangelho». A primeira parte da oração está realizada diante dos nossos olhos; a segunda começa hoje a cumprir-se.
Nesta Eucaristia agradecemos a Deus o dom que hoje concede à sua Igreja que peregrina nos Açores. Agradecemos ao Papa Francisco a nomeação de um novo bispo para Angra, conforme bula assinada por Sua Santidade a 4 de novembro passado. Pedimos ao Senhor Núncio Apostólico em Portugal, aqui presente, a quem saudamos, que transmita os nossos sentimentos de fidelidade, gratidão, júbilo e esperança ao Santo Padre.
À entrada deste edifício encontramos uma placa de pedra onde se lê: «No dia 18 de novembro de 1956, nesta Sé Catedral, recebeu a ordenação episcopal, o Senhor Dom José Pedro da Silva, natural da Diocese de Angra e nomeado Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa, como título de Tiava (…). Foi a primeira ordenação episcopal celebrada nesta Catedral». Passados 66 anos, podemos constatar que não só foi a primeira como também a última de um membro do presbitério açoriano.
Vem isto a propósito de ter sido Dom José Pedro da Silva, então bispo de Viseu, que ordenou presbítero, há 41 anos, D. Armando Esteves Domingues, que agora tome posse da cátedra angrense. Bastaria a sucessão apostólica para termos a garantia da fé dos apóstolos, mas ainda temos outro sinal, na comunhão e circularidade da fé, como um açoriano aqui ordenado bispo, haveria de ordenar um padre para futuro bispo de Angra. Embora única, foi uma ordenação episcopal fecunda.
Saúdo o senhor Dom Armando, que ontem tomou posse da diocese açoriana. Agradecemos o seu sim a Deus e ao Santo Padre ao aceitar a missão de pastor nestas ilhas que nos são tão queridas e que nos honra servir. Em si, saudamos a sua família numerosa aqui presente que nos deixa com alegria e pesar um irmão. Queremos que não nos falte a solicitude de bom pastor nem que lhe falta a docilidade e colaboração desta porção do Povo de Deus.
Saúdo o senhor Patriarca, membro do colégio cardinalício e nosso arcebispo metropolita, em quem encontramos apoio enquanto diocese sufragânea de Lisboa, bem como na pessoa do seu bispo auxiliar na dinâmica da preparação das jornadas mundiais da juventude por todas as ilhas.
Saúdo o senhor Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Bispo de Leiria – Fátima, decerto a segunda diocese mais conhecida dos açorianos. Na sua pessoa agradeço o acolhimento fraterno e os ensinamentos que como Administrador Diocesano recebi dos senhores bispos de Portugal durante o último ano.
Saúdo o senhor Dom João Lavrador, Bispo de Viana do Castelo, e que durante seis anos pastoreou esta Igreja Local, tendo aqui a sua cátedra como antecessor de Dom Armando.
Saúdo o senhor Bispo do Porto e seus bispos auxiliares presentes por darem aos Açores um bispo do seu conselho episcopal, num misto de sentimentos de alegria pela doação e de tristeza pela perda. Em vós saúdo os diocesanos do Porto que participam da nossa alegria. Angra, da última vez que ficou vacante, há quase um século, para foi dar o seu bispo ao Porto.
Saúdo o Senhor Bispo de Portalegre – Castelo Branco, diocese de onde é natural o senhor Dom Armando, agradecendo a Oleiros o segundo bispo que esta vila albicastrense dá a Angra.
Saúdo o senhor Bispo de Viseu, diocese a cujo presbitério pertenceu o nosso atual bispo, a quem se deve o sacramento da Ordem no episcopado ao senhor D. Armando. Em si, saúdo o senhor bispo da Guarda e o senhor bispo Auxiliar de Braga, também oriundos desse presbitério, bem como os diocesanos de Viseu que se encontram nesta assembleia, sobretudo aos antigos paroquianos do senhor padre Armando.
Saúdo o senhor Bispo de Santarém, atual diocese onde estava localizada a Ordem de Cristo e nela o Vigário de Tomar que teve o primeiro governo espiritual e a jurisdição canónica sobre estas ilhas, desde o seu povoamento até à integração na diocese madeirense.
Saúdo o senhor bispo do Funchal, diocese insular nossa irmã e também nossa mãe, a quem pertencemos durante duas décadas no século da nossa história fundacional, até sermos uma diocese própria. É tempo de retomar essa relação de filiação e de irmandade.
De igual modo saúdo o senhor bispo de Coimbra, cidade de tantos estudantes açorianos e diocese onde bebemos a inspiração e a maternidade ritual do culto do Espírito Santo, da iniciativa da rainha santa Isabel, prática que até hoje aqui perdura com tanta vitalidade.
Saúdo o senhor arcebispo emérito de Braga. Vossas excelências reverendíssimas representam a maior parte das dioceses do nosso país, fazendo com que, em quase meio milénio, esta seja a celebração com o maior número de bispos e de presbíteros que algum dia esta Sé já acolheu.
Em termo de funções é grato dever agradecer as orações e trabalhos ao meu presbitério manifestamente aqui presente, ao Colégio do Consultores, ao Cabido, aos Ouvidores, aos Párocos, ao Seminário, aos Reitores dos Santuários, na representatividade dos presbíteros e de todas as ilhas.
Saúdo os diáconos, consagradas e consagrados, os seminaristas, os acólitos e demais ministros, aqui orientados pelo Serviço Diocesano de Liturgia.
Saúdo os leigos representantes das dezassete ouvidoras, quais magos que de longe e de perto, trazem os seus presentes ao coração da Diocese, bem como os leigos a trabalhar nos serviços diocesanos de pastoral, nos movimentos de apostolado laical, na Cúria, na Caritas, nas Santas Casas de Misericórdia e Instituições Particulares de Solidariedade Social, nas pessoas dos presidentes das respetivas Uniões Regionais aqui presentes, nas Confrarias e sobretudo no grande Coro, de centena e meia de vozes, resultante do trabalho dos grupos corais litúrgicos da ilha Terceira, orientados pela Comissão Diocesana de Música Sacra.
Saúdo os escuteiros, os jovens dos grupos paroquiais e dos movimentos que se preparam para as jornadas mundiais da juventude, bem como os seus chefes, animadores e catequistas.
Cumprimento o senhor Representante da República, o senhor presidente da Assembleia Legislativa Regional, o senhor presidente do Governo Regional e senhor Vice-presidente, o senhor presidente da Assembleia Municipal, o senhor presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, cidade fundada há 488 anos para acolher o primeiro bispo nomeado para este arquipélago, como fator permanente e ininterrupto da unidade regional na sua dimensão espiritual. Na sua pessoa saúdo os senhores presidentes das Câmaras Municipais dos Açores, na sua maioria aqui presentes e demais autarcas locais.
Cumprimento o senhor Comandante Operacional dos Açores e na sua pessoa os chefes militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea na Região, tão prestáveis e necessários ao socorro das nossas populações, bem como aos senhores comandes regionais da Polícia de Segurança Política e da Guarda Nacional Republicana.
Cumprimento os senhores professores e a senhora juíza, enquanto representantes de outras duas cátedras: a Universidade e o Tribunal, que juntamente com a cadeira do sucessor dos apóstolos, formam o trio da verdade, da justiça e da misericórdia, como é notório no ordenamento da arquitetura urbana e nos trajes próprios de cada um, embora de raiz e matriz comuns.
Cumprimento os profissionais da comunicação social aqui presentes que permitem levar esta celebração a todas as ilhas da Região, às outras dioceses de Portugal e aos inúmeros açorianos que, em fusos horários diferentes, nos países de destino de emigração açoriana, nos seguem atentamente. Para vós e para todos o nosso abraço e um adeus!
Peço ao Senhor Núncio que apresente as letras apostólicas ou a bula pelas quais o Santo Padre dota a Igreja nos Açores com o seu 40º. Bispo
Sé – Angra, 15 de janeiro de 2023
P. Hélder Fonseca Mendes, Administrador Diocesano cessante