Formar Pastores para Evangelizar na Igreja em Caminhada Sinodal

Nos próximos dias 1 a 8 de Novembro, a Igreja em Portugal, em cada uma das dioceses, celebra a Semana dos Seminários, sob o tema «Jesus chamou os que queria e foram ter com Ele» (Mt.3,13).

Sendo um acontecimento que se vive todos os anos, corre-se o risco de cairmos numa certa inércia e desvalorizarmos o seu significado mais profundo.

Os Seminários são, antes de mais, um dom de Deus à Igreja diocesana. Como tal, exige-se, em cada ano, uma valorização redobrada deste acontecimento e a descoberta da graça e da riqueza eclesial de que reveste esta comunidade formativa para a diocese e para cada comunidade cristã.

As Normas Fundamentais que regulam a vida dos Seminários afirmam num dado passo que «uma vez que o “discípulo sacerdote” sai da comunidade cristã e a ela retorna para servi-la e guiá-la como pastor, a formação caracteriza-se naturalmente como missionária, uma vez que tem como meta a participação na única missão confiada por Cristo à Sua Igreja, isto é, a evangelização, em todas as suas formas» (nº 3).

Eis a razão porque cada comunidade cristã tem o dever de sintonizar, acompanhar e empenhar-se com o Seminário no qual se formam os pastores que servem a Igreja diocesana através da sua configuração a Jesus Cristo, na entrega total das suas vidas e com a tarefa de edificar comunidades cristãs que vivem na comunhão, fomentam a participação de todos os fiéis e promovem a corresponsabilidade pela missão de testemunhar o Evangelho no mundo de hoje.

O citado texto acrescenta ainda que «a ideia de fundo é a de que os seminários possam formar discípulos missionários “enamorados” do Mestre, pastores “com cheiro das ovelhas”, que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de Deus» (nº 3).

Compete aos seminários, através de uma formação integral e progressiva, proporcionar o amadurecimento vocacional que integrará as dimensões humana, intelectual, espiritual, afectiva e pastoral, de modo a que o futuro sacerdote, através de uma personalidade equilibrada, seja verdadeiro pastor do Povo de Deus, perito em humanidade e verdadeiro homem de Deus que faz pensar em Deus e conduz os homens até Deus.

Certamente que no Seminário sobressai a componente vocacional de modo a que cada cristão, família, comunidade, grupo ou movimento, deverá louvar o Senhor pelo dom da vocação sacerdotal que Ele dirige aos jovens que actualmente frequentam esta instituição e aqueles que se interrogam sobre a resposta a dar ao chamamento que Jesus de Nazaré lhes dirige. Mas igualmente, urge oferecer a todos os adolescentes e jovens, e mesmo crianças, o clima necessário para que cada um descubra perante Jesus Cristo a sua vocação.

Contudo, o Seminário é uma comunidade de pessoas, seminaristas, equipa formadora, professores e colaboradores, para os quais se exige condições materiais para que possam concretizar os seus objectivos formativos. Neste domínio, dado que o Seminário vive do contributo dos cristãos e das comunidades cristãs, apelo para que, apesar das dificuldades porque todos passamos nestes tempos difíceis, sejamos generosos na oferta material para o sustento do nosso Seminário.

Tal como já interpelei em anos passados, que esta semana dos seminários seja uma oportunidade para que na família, na catequese, nos grupos de jovens, nas aulas de Religião e Moral, nos movimentos apostólicos e nas celebrações litúrgicas, se valorize, se reflicta e se reze pelos seminários.

A nossa diocese está empenhada numa caminhada de renovação e de participação activa de todos os baptizados, a que chamamos de caminhada sinodal. Também no domínio do Seminário, não só é chamado a formar presbíteros para esta Igreja que evangeliza em caminhada sinodal, mas igualmente a participação activa de todos os baptizados se revela no interesse e na corresponsabilidade no despertar vocacional e na manutenção do nosso Seminário.

 

Coloco esta semana e a comunidade do nosso Seminário Maior de Angra sob a protecção e intercessão de Nossa Senhora, Mãe e Rainha dos Açores, Mãe dos Sacerdotes, e do Beato João Baptista Machado, nosso Padroeiro.

 

Angra do Heroismo, 15 de Outubro de 2020

 

 

 

+João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores