Maria Vieira.

«O Senhor é a minha força e o meu escudo; n’Ele confiou o meu coração» (Sl. 28)

 

No ano de 1940 acontecia uma tragédia numa das paróquias da nossa diocese de Angra que se viria a tornar num manancial de graça divina.

Maria Vieira da Silva, nascida a 11 de Novembro de 1926 na antiga Vila de São Sebastião da Ilha Terceira, Açores, no dia 4 de Junho de 1940 era brutalmente martirizada por defender a sua virgindade frente a um homem que sem escrúpulos a queria abusar na sua honra e dignidade mais intima, ao qual ela resistiu até à morte.

A jovem, antes de morrer pronunciou o nome do agressor e disse «que não lhe tinha raiva», «não lhe façam mal» exclamou, e que «lhe perdoava»..

Filha de Júlio de Sousa da Silva e de Isabel Vieira da Silva, casal católico que soube incutir nos seus filhos o amor a Deus e aos irmãos, desde cedo aprendeu a colocar toda a sua vida ao serviço da vontade divina.

Aos seis anos já frequentava a catequese ministrada pelo pároco, na altura o Padre Joaquim Esteves. Fez a primeira comunhão e a comunhão solene, rezava todos os dias o terço em família e era cumpridora dos princípios e orientações da fé católica.

Do processo judicial que se seguiu à sua morte e que acabou por condenar o autor do crime, realça-se a sua morte como defesa da sua honra.

Dada a sua formação católica, a sua vivência cristã, o clima de oração diária em sua casa, a sua pertença à cruzada eucarística e os valores cristãos que norteavam a sua conduta, desde logo se reconheceu que foi mártir para defender a virtude da virgindade.

A fama de santidade vem desde o inicio. Ao local do seu martirio recorrem muitas pessoas em atitude de obter graças e, desde então até hoje, continua a sua fama de santidade e o desejo manifesto por inúmeras pessoas para que seja reconhecida como mártir pela Igreja e seja exposta como modelo de santidade para os jovens de hoje.

Na sequência de pedidos anteriores, o actual pároco de S. Sebastião, Padre Domingues da Graça Martins Faria, após ter consultado o Conselho Pastoral Paroquial e o Conselho Económico Paroquial, formulou o pedido para se iniciar o processo de modo a que se venha a obter por Graça Divina e pela Mercê da Santa Sé a sua beatificação.

Ponderadas as condições e a oportunidade para tal facto, decidimos aceder a tal pedido e começar com as diligências normativas para se prosseguir com o processo que conduzirá à decisão sobre a beatificação da jovem Maria Vieira da Silva.

Tendo obtido já o parecer favorável da Conferência Episcopal Portuguesa e o nihil obstat da Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, iniciamos o processo.

Aos olhos humanos o martirio assenta sempre numa tragédia, mas sob o olhar da fé é fonte de graças inesgotáveis.

Dado que o povo simples, desde a primeira hora, reconheceu neste ignóbil facto a manifestação da Vida Nova que renasce a partir da entrega da pessoa associada ao Mistério Pascal de Jesus Cristo, não poderíamos deixar de encaminhar este manancial de Graça para a vida da Igreja, de modo particular para a nossa diocese.

Com o inicio do processo de beatificação da Maria Vieira da Silva, ela abre a sua vida a toda a Igreja diocesana, e mesmo fora dela, para que todos os diocesanos possam implorar de Deus a graça da sua beatificação de modo que em breve tenhamos o reconhecimento oficial da santidade presente nela e a ela possamos recorrer como nossa irmã e intercessora junto de Jesus Cristo; Ele sim verdadeiramente Santo.

A coragem e a valentia, a fidelidade e a coerência, que marcam a vida de Maria Vieira da Silva e que a levaram até ao martirio, são muito importantes para a vida da comunidade cristã, mas é igualmente um sinal luminoso para os jovens de hoje mergulhados numa cultura do prazer, do descartável, narcisista e sem raízes consistentes para a edificação da dignidade humana.

O processo de beatificação é acompanhado por um clima de profunda oração no qual todos os diocesanos são convidados a implorar de Deus que manifeste a Sua Santidade na vida e no martirio da Sua serva Maria Vieira da Silva, mas é igualmente um tempo de profunda reflexão e interiorização sobre a conduta de todo o ser humano e sobre os valores a imprimir à vida de fé e ao testemunho autêntico para a evangelização do mundo de hoje.

Tertuliano afirmava que «sangue de mártires é semente de cristãos». Continuamos a acreditar nesta verdade que percorre toda a história da Igreja e que se manifesta também junto de nós na pessoa de Maria Vieira da Silva.

Convido todos os diocesanos a empenharem-se nesta causa de beatificação. Desde as catequeses, grupos de jovens, aulas de Religião e Moral, movimentos apostólicos, famílias e grupos vocacionais, todos, vamos aproveitar esta graça e esta hora para aprofundarmos a riqueza da vida de Maria Vieira da Silva, a jovem que aos 13 anos não hesitou em oferecer a sua vida em sacrifício para defender a virtude da virgindade.

Que o Sagrado Coração de Jesus e a Sua Mãe Maria Santissima, Mãe e Rainha dos Açores, nos quais a serva de Deus Maria Vieira da Silva tanto confiou, nos alcancem a graça da beatificação desta Sua serva.

+João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores

 

Oração

Deus Pai Omnipotente

Fonte de toda a Santidade

Que pelo Mistério Pascal do Vosso Filho revelastes o Vosso Infinito amor e pela constante actuação do Espírito Santo conduzis o Vosso Povo pelos caminhos da Santidade,

e Vos revelais aos simples e humildes,

Imploramos da Vossa Infinita Misericórdia que através do martírio da Vossa Serva Maria Vieira da Silva derrameis sobre a vossa Igreja a abundância das Vossas Graças e nos concedais a graça da sua beatificação.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que Convosco vive e reina na unidade do Espirito Santo.

 

Pai Nosso – Avé Maria – Glória…

 

Enviar o relato das graças recebidas para:

Causa de beatificação de Maria Vieira da Silva

Diocese de Angra

Casa Episcopal              Apartado 55

9701 – 901 ANGRA DO HEROISMO

 

Contributo para a causa da beatificação:

IBAN: PT50 0045 8065 0150 4487 0014